A BNCC (2017, p. 7-8) se constitui como um documento “de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica, de modo que tenham assegurados os seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento”. As aprendizagens essenciais, nesse sentido, devem contribuir para o desenvolvimento de 10 competências gerais, que segundo o referido documento supramencionado, “consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento”. Cabe lembrar que a BNCC se compreende por competência “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrá- tica e inclusiva.

2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital – bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potenciali- dades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Feitas ressalvas iniciais, neste capítulo estão dispostos um conjunto de quadros de referência das áreas do conhecimento que podem se constituir em uma importante base de consulta para o trabalho de planejamento da escola e seus respectivos professores, tanto para a elaboração dos planos de aula a partir dos componentes curriculares das respectivas áreas, quanto para o desenvolvimento de ações que podem ser desenvolvidas na forma de projetos interdisciplinares, feiras, trabalhos de campo, atividades culturais e artísticas, entre outros.

A compreensão é que estes quadros, assim como os demais elementos destacados em todo o documento, constituirão importante referência para o trabalho de planejamento dos professores. A lógica é que um percurso formativo bem planejado, pensado/refletido sistematicamente, com apoio político-pedagógico das ações de formação continuada e de acompanhamentos por partes dos gestores nas redes municipais de educação, terá impacto positivo nas aprendizagens dos estudantes. O planejamento no âmbito de cada escola se constituirá no currículo em ação, que com base no trabalho realizado, contribuirá para atender as competências e habilidades dispostas na BNCC, respeitando marcos legais e educacionais já trilhados historicamente em Santa Catarina, a exemplo de sua Proposta Curricular e seu Currículo Base, assim como as propostas/orientações curriculares já desenvolvidas no âmbito das redes municipais da Região da AMOSC.

OS REFERIDOS QUADROS CITADOS COMPREENDEM:

REFERÊNCIAS

  • FONSECA, Vitor da. Modificabilidade cognitiva: abordagem neuropsicológica da aprendizagem humana. 2. ed. São Paulo: Salesiana, 2009.

  • FONTANA, Roseli, CRUZ, Maria Nazaré da. Psicologia e trabalho pedagógico. São Paulo: Atual, 1997.

  • LEONTIEV, Alex N; LURIA, Alexander R; VIGOTSKI, Lev S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 12. ed. São Paulo: Ícone, 2012.

  • LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. Volume I: Introdução Evolucionista à Psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

  • LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. Volume II: Sensação e percepção. Psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

  • LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. Volume III: Atenção e memória. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.

  • LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. Volume IV: Linguagem e Pensamento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

  • LURIA, A. R. Desenvolvimento cognitivo: seus fundamentos culturais e sociais. 4. ed. São Paulo: Ícone, 2010.

  • LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1981.

  • LURIA, A. R; VIGOTSKI, L. S. Estudos sobre a história do comportamento: o macaco, o primitivo e a criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

  • LURIA, A. R; YODOVICH, F. I. Linguagem e desenvolvimento intelectual na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

  • MARTINS, Lígia. M. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica. Campinas: Autores Associados, 2013.

  • OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento - um processo sócio/histórico. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2010.

  • VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 182 p.

  • VIGOTSKY, Lev Semionovich. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1