Daiane Zamoner

Francine Golo

Joice Stein Pappis

Lautenai Antônio Bartholamei Junior Rosane Natalina Meneghetti Silveira

Willian Glovatzki

De acordo com a BNCC, além das competências gerais e específicas na área de linguagens, o componente língua inglesa deverá garantir as seguintes competências específicas:

Com a homologação da Base Nacional Comum Curricular, a Língua Inglesa passa ser componente curricular obrigatório a partir do sexto ano do ensino fundamental. A opção por esse e não outro idioma, deve-se à disseminação da língua inglesa no contexto acadêmico, científico, midiático e econômico como um todo. No entanto, muitas instituições de ensino municipais e particulares ofertam o componente curricular de língua inglesa desde a educação infantil, uma vez que reconhecem a importância do ensino-aprendizagem de uma outra língua como relevante para as crianças. O ensino de um segundo idioma para crianças já é defendido por muitos autores e estudiosos da área de ensino-aprendizagem de línguas.

Nessa perspectiva, Krashen (1983) propõe a distinção entre aprendizado e aquisição, em que sustenta a importância de que o aprendizado ocorra a partir da assimilação natural e intuitiva. Portanto, é possível afirmar que ensino-aprendizagem de um outro idioma é mais eficaz na infância, já que nessa faixa etária, a assimilação da língua inglesa ocorrerá de modo espontâneo. Segundo Crystal (2003), a Língua Inglesa é falada por um quarto da população mundial, ou seja, há mais pessoas utilizando a língua no mundo que o número de falantes nativos desse idioma. Desse modo, a partir do documento da BNCC (2017), a língua passa a ser tratada como língua franca e segundo Firth (1996) “o inglês passa a ser uma língua de contato entre falantes não nativos” e que, consequentemente, não dividem a mesma cultura e língua materna, mas escolhem o inglês para se comunicarem.

Assim, pode-se afirmar, que ao longo dos anos, o ensino da língua inglesa vem mudando continuamente. A priori, a língua inglesa recebeu divergentes terminologias, sendo que a maioria delas propiciaram inúmeras discussões, entre elas: língua estrangeira, língua global, língua adicional, língua internacional entre outras.

Segundo o documento da BNCC (2017, p. 239), “[...], a língua inglesa não é mais aquela do ‘estrangeiro’, oriundo de países hegemônicos, cujos falantes servem de modelo a ser seguido, tampouco trata-se de uma variante da língua inglesa.”, então, quebra-se o paradigma de que o inglês a ser ensinado nas escolas precisa ser fiel ao do inglês de um nativo. Valoriza-se o inglês como forma de comunicação e interação social.

No documento da BNCC (2017), a seção sobre Língua Inglesa passa a orientar os estudos em eixos organizadores e não mais somente nas principais habilidades de compreensão e produção oral e escrita, propriamente. Assim, os cinco eixos organizadores passam a ser sistematizados como: oralidade (escuta e fala), leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e dimensão intercultural.

Desse modo, a habilidade de produção e compreensão oral passa a assumir o eixo oralidade, o qual contempla ambas as habilidades de falar e ouvir. A leitura passa a ser fundamental para a inserção dos alunos no intuito de ampliar as possibilidades de uso da língua e de acesso à informação sistematizada. O eixo da escrita contempla uma prática social, em que, a partir de gêneros discursivos diversos, os sujeitos interagem na busca pela troca de significados. O eixo de conhecimentos linguísticos proporcionará ao aluno a análise e reflexão sobre a língua e seus usos, dará aos mesmos a oportunidade de adequar a língua de acordo com o interlocutor alvo da comunicação. E, por fim, a dimensão intercultural propicia aos sujeitos o acesso a diferentes culturas do mundo, compreendendo assim a pluralidade cultural.

Todos os eixos são imprescindíveis para a construção do repertório linguístico do aluno como um todo. Segundo a BNCC (2017), os eixos acima explicitados devem ser trabalhados em concomitância, procurando não valorizar um em detrimento de outro.

Contudo, para que se alcancem os objetivos essenciais de aprendizagem da língua, a BNCC (2017) atribui que a prática pedagógica esteja embasada no ensino por competências. Procura-se então mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que gerem transformações significativas no aluno, para que promovam o engajamento deste em outras culturas e mídias possibilitando, a partir do uso da língua, refletir sobre a sua própria realidade e cultura.

O documento propõe, a partir das “Unidades Temáticas e seus Conceitos”, que cada um dos cinco eixos - oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e dimensão intercultural explicitem suas funções, usos e estratégias. As “Habilidades” da Língua Inglesa pretendem desenvolver a sistematização dos “Conhecimentos Essenciais” que estão organizados em: oralidade (fala e escuta), leitura e escrita (gêneros discursivos), conhecimentos linguísticos (estudo do léxico e gramática) e dimensão intercultural. Os conhecimentos devem estar intrinsicamente relacionados às habilidades. Por fim, os “Critérios de Avaliação” pretendem auxiliar o professor na reflexão dos resultados obtidos durante o processo ensino-aprendizagem.

Cabe salientar que o documento apresenta um rol de conhecimentos essenciais que podem ser ordenados conforme a realidade da sala de aula e de acordo com o nível cognitivo dos alunos. Nada impede que o professor retome saberes previamente estudados a fim de ampliar o repertório linguístico, sempre que julgar conveniente. Importante salientar que o professor precisa contemplar os cinco eixos de aprendizagem para cada conhecimento selecionado, procurando garantir que estudantes usem a língua com foco na comunicação e não como expressões isoladas e descontextualizadas. O documento apresenta o que é essencial ser abordado pelo docente na prática educativa, porém, o modo como se dará esse processo será definido pelo educador.

De acordo com a BNCC, além das competências gerais e específicas na área de linguagens, o componente língua inglesa deverá garantir as seguintes competências específicas:

1 – Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo plurilíngue e multicultural, refletindo, criticamente, sobre como a aprendizagem da língua inglesa contribui para a inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que concerne ao mundo do trabalho.

2 – Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo-a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e interesses de outras culturas e para o exercício do protagonismo social.

3 – Identificar similaridades e diferenças entre a língua inglesa e a língua materna/outras línguas, articulando-as a aspectos sociais, culturais e identitários, em uma relação intrínseca entre língua, cultura e identidade.

4 – Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a diversidade linguística como direito e valorizar os usos heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas.

5 – Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.

6 – Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos na língua inglesa, com vistas ao exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no contato com diferentes manifestações.

Na BNCC, a aprendizagem da língua inglesa deve contemplar os cinco eixos, conforme descritos na sequência:

Eixo Oralidade: Práticas de compreensão e produção oral de língua inglesa, em diferentes contextos discursivos presenciais ou simulados, com repertório de falas diversas, incluída a fala do professor.

Eixo Leitura: Práticas de leitura de textos diversos em língua inglesa (verbais, verbo-visuais, multimodais) presentes em diferentes suportes e esferas de circulação. Tais práticas envolvem articulação com os conhecimentos prévios dos alunos em língua materna e/ou outras línguas.

Eixo Escrita: Práticas de produção de textos em língua inglesa relacionados ao cotidiano dos alunos, em diferentes suportes e esferas de circulação. Tais práticas envolvem a escrita mediada pelo professor ou colegas e articulada com os conhecimentos prévios dos alunos em língua materna e/ou outras línguas.

Eixo Conhecimentos Linguísticos: Práticas de análise linguística para a reflexão sobre o funcionamento da língua inglesa, com base nos usos de linguagem trabalhados nos eixos Oralidade, Leitura, Escrita e Dimensão Intercultural.

Eixo Dimensão Intercultural: Reflexão sobre aspectos relativos à interação entre culturas (dos alunos e aquelas relacionadas a demais falantes de língua inglesa), de modo a favorecer o convívio, o respeito, a superação de conflitos e a valorização da diversidade entre os povos.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/06/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 15 jul. 2018.

CRYSTAL, David. English as a Global Language. (Second edition). Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

KRASHEN, Stephen D. The Natural Approach: language acquisition in the classroom. New Jersey: Pergamon Press, 1983.

FIRTH, Alan. The discursive accomplishment of normality. On “língua franca” English and conversation analysis. Journal of Pragmatics 26:237-59.