O processo educativo desenvolvido nas unidades escolares objetiva promover a aprendizagem dos estudantes, no qual a mediação planejada dos professores é fundamental. O planejamento é um produto decorrente de um processo sistemático de reflexão sobre o porquê, o quê, como ensinar e como avaliar. É de responsabilidade de cada professor e, sempre que possível, em diálogo com os demais professores e profissionais da educação, elaborar seu planejamento, sendo a hora-atividade espaço-tempo-lugar estratégico para tal.

Pode-se dizer que, em acordo com a perspectiva histórico-cultural, ao planejar as aulas, o professor deve privilegiar uma abordagem investigativa, pautada em problematizações, leituras, investigações, análises e interpretações a partir de situações concretas e contextualizadas, com vistas a desenvolver atividades de aprendizagem significativas, que oportunizem ao estudante ser, também, agente do seu processo de aprender.

O planejamento das aulas, portanto, parte do pressuposto de que uma atividade de aprendizagem somente se efetiva quando aquele que aprende (o estudante) possui motivos para aprender, sente uma relação do aprendido com a sua vida. Por isso, torna-se imprescindível que antes de entrar em sala o professor tenha planejado seu trabalho, evitando "ao máximo" as improvisações e tendo à sua disposição todo o material/recursos de que utilizará, ultrapassando a tradicional aula expositiva. Recomenda-se que o planejamento seja dialogado com a gestão da escola, com a comunidade escolar, para que todos se sintam envolvidos e comprometidos com o desenvolvimento das atividades previstas. É preciso destacar, também, que cabe ao professor buscar a utilização de diferentes linguagens tais como verbal, oral, escrita, gráfica, numérica, corporal, digital, artística, cartográfica, entre outras, para potencializar o desenvolvimento dos estudantes, além de prever a utilização de distintos instrumentos de avaliação formativa.

O planejamento, portanto, distingue-se do plano anual geralmente exigido pelos gestores escolares no início de cada ano letivo. Entende-se que planejamento é o "plano de aula ou plano docente", elaborado semanal ou quinzenalmente pelos docentes, com vistas a promover a elaboração de conceitos através da apropriação de conhecimentos essenciais. Engloba um conjunto de ações (atividades + avaliação) a serem desenvolvidas para consecução de objetivos de aprendizagem.

Nesse processo, contudo, atividade não significa qualquer ação. Trata-se de um conjunto de ações que têm uma finalidade, uma motivação e vinculação com a vida do estudante. É a ação de um sujeito ativo, o que implica em considerar, também, sua vontade e sua motivação para agir. As atividades e as práticas de avaliação não possuem finalidades em si mesmas, pois estão a serviço da promoção da aprendizagem.

Identificação

- Caracterização da turma:

- Ano:

- Unidades Temáticas e Conceitos:

Quais Unidades Temáticas serão abordadas e quais conceitos estão coimplicados e queremos assegurar?

- Conhecimentos: Quais conhecimentos serão mobilizados para assegurar a elaboração conceitual por parte dos estudantes?

- Quais as possibilidades de uma abordagem inter ou multidisciplinar?

Seleção de Habilidades/Objetivos de Aprendizagem

Quais habilidades/objetivos de aprendizagem serão atendidas/os?

Quais as possibilidades de uma abordagem inter ou multidisciplinar?

Tempo e Recursos

- Quantas aulas são necessárias para o desenvolvimento desta atividade de aprendizagem?

- Que materiais, tecnologias, recursos serão utilizados no desenvolvimento da atividade?

- Que conexões são possíveis com as fontes pedagógicas da realidade? Quais as possibilidades de uma visita pedagógica/aulas de campo?

Avaliação formativa

- Como saber se os alunos se apropriaram do(s) conceito estudado(s)?

- Quais serão os critérios?

- Que instrumentos iremos utilizar para promover a avaliação?

Muito embora os elementos anteriormente destacados possam sugerir um passo a passo do planejamento, o exercício de planejar a aula não é linear. A identificação inicial da turma, por meio de um primeiro diagnóstico, pode ser vista como um exercício fundamental, uma vez que ajudará no processo de seleção de unidades temáticas, conhecimentos/conteúdos, habilidades/objetivo, entre outros. Mas, também, será a partir deste diagnóstico, que desde o início do planejamento já será possível pensar quais estratégias metodológicas podem contribuir melhor para envolver a turma nos processos de ensinar e aprender, por sua vez, poderá melhor contribuir para o desenvolvimento das habilidades e/ou dos objetivos. Assim como, quais instrumentos e critérios de avaliação serão mais adequados para monitorar as aprendizagens. Nesse sentido, muito embora, para fins didáticos, olha-se separadamente para cada um dos elementos do esquema anterior, pois eles possuem especificidades, no planejamento são elementos estruturantes que se constituem de modo entrelaçados e conexos. Por isso, o planejamento da aula é um trabalho estratégico-profissional do/a professor/a e requer conhecimento especializado.

Para o planejamento, os quadros de referência precisam ser revisitados permanentemente e de forma inter e/ou multidisciplinar. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, não há espaço para o trabalho em apenas uma disciplina, pois todas elas possuem habilidades/objetivos de aprendizagem que podem ser considerados relevantes para o desenvolvimento humano integral que neste documento se propõe. Por isso, o planejamento coletivo da escola – envolvendo todos os professores – poderá contribuir para que todos tenham uma visão ampla das habilidades/objetivos de aprendizagem que precisam (porque atendem os direitos de aprendizagem dos estudantes) ser desenvolvidos ao longo de um percurso formativo e, a partir do plano coletivo, cada professor pode elaborar seu plano de aula de modo a contribuir com o desenvolvimento das habilidades. A escola precisa se desafiar a superar a fragmentação do trabalho pedagógico em disciplinas isoladas, e também precisa buscar formas de superar o isolamento dos professores (em que cada professor faz seu plano de aula sem se preocupar com o percurso todo).

Quando o/a professor/a estiver planejando suas aulas, sugere-se a elaboração de atividades desafiadoras. Um plano de aula (seja a partir de projetos, unidades temáticas interdisciplinares, temas geradores, entre outros) pode considerar ponto de partida uma problemática ambiental, econômica, cultural, política, entre outras. Sugere-se que, entre os encaminhamentos metodológicos, leve em consideração: o uso de músicas, de charges, da literatura infantil, de um trecho de filme, de uma reportagem de jornal ou revista, o uso de tabelas e gráficos, da poesia ou de um conto, de um fenômeno vivido, entre outros. Uma atividade desafiadora/problematizadora é fundamental para atrair os estudantes para o trabalho com os conceitos e conhecimentos mobilizados.

É preciso destacar que um plano de aula pode ser elaborado para uma ou para um conjunto de aulas, trata-se de parte do caminho pedagógico, por isso, parte do percurso formativo do estudante. Sugere-se a utilização do livro didático, mas também de outros materiais de apoio pedagógico, como livros paradidáticos, de literatura infantil, mapas, globos, internet, entre outros.